segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Evolução do Mercado Consumidor de Controle de Pragas Urbanas

Olá, amigos(as)!

Em primeiro lugar deixo um grande abraço ao amigo Marcus Leandro, de Pelotas, que agradeceu o post sobre a questão dos raticidas no mês passado e a discussão a respeito da toxicidade e o risco de intoxicação de pessoas, em função do ocorrido em Porto Alegre.

No post desse mês vou deixar uma dica bem interessante e aproveito para gerar algumas discussões em cima de algumas coisas que estão acontecendo e também que eu vi em função desta dica.

Bom, pra começar, desviando um pouco do tema de controle de pragas urbanas, entrando numa área mais "high-tech", andamos mudando nosso plano de telefonia celular aqui na empresa, e em decorrência disso tive a felicidade de pegar um Samsung Galaxy S II, a segunda geração do smartphone top da Samsung. Estou ainda descobrindo bastante coisa, mas já pude instalar alguns aplicativos que estão à disposição no Android Market (central de aplicativos para o sistema Android, que é mantido pelo Google e que equipa o aparelho).

Em linhas gerais o aparelho é uma maravilha, poderia ficar falando horas e horas sobre as coisas que já consegui fazer com ele, mas como aqui não é o foco, vamos nos ater ao controle de pragas urbanas.

Pois bem, andei fazendo algumas pesquisas de aplicativos, e cheguei a instalar um aplicativo da Exame, revista de negócios da Abril, outro da Zero Hora, jornal local aqui no sul, e aí pensei: será que existe algo na área de controle de pragas urbanas? Pensei que se alguém teria conteúdo para Android, esse alguém seria a PCT (Pest Control Technologies), uma revista americana. Na mosca. Estava lá o aplicativo. Baixei, instalei, e me surpreendi. Gratuitamente posso acessar as últimas edições da revista e lê-la na tela do meu Samsung+Android a hora que quiser (será necessária uma conexão à internet para baixar o conteúdo, mas você pode salvar algumas matérias para ler depois).

Incrível, não? Pois eu recomendo para quem tiver um celular com Android e se dá bem com o inglês (a revista obviamente é em inglês): instalem esse aplicativo, nem que seja para dar uma "folheada" na revista virtual quando tiverem um tempinho (entre uma reunião e outra, na sala de espera do dentista, quando estiver aguardando para ser recebido por um cliente, etc.).

Numa olhada rápida na edição de julho deste ano, já fiquei sabendo, por exemplo, que nossos irmãos americanos no controle de pragas urbanas estão tendo que se adaptar a novas regras impostas pela EPA (agência de saúde de lá, seria nossa ANVISA), que estão complicando com algumas questões de raticidas.

Também uma nota me chamou a atenção, até por causa do momento que estamos vivendo aqui. Não tenho a intenção de fazer propaganda para ninguém nos textos do blog, por isso evito um pouco falar em fabricantes ou produtos, a não ser que seja para falar com mais profundidade sobre algum tema. Mas dessa vez vai exigir: a Syngenta fez uma promoção que se encerrou agora em setembro, onde as desinsetizadoras que comprassem determinados produtos poderiam concorrer a uma viagem à Flórida (EUA) para visitar a estação de pesquisa deles e também conhecer 3 grandes desinsetizadoras de lá. A viagem deverá ocorrer em novembro e infelizmente eu como distribuidor não vou estar junto, mas um cliente meu foi sorteado e vai estar lá nessa viagem.

Enquanto a promoção estava rolando, estávamos conversando, eu e algumas outras pessoas, a respeito das oportunidades da viagem: ver empresas grandes, de um mercado mais desenvolvido e mais regulado, e poder conhecer um pouco de como elas trabalham, e quem sabe, trazer dentro da bagagem idéias novas para a operação da empresa aqui. Conheço alguém que foi numa viagem dessa há coisa de mais de 10 anos e comentou que achou estranho quando soube que uma das empresas visitadas atuava no mercado doméstico (residências), quando todos os esforços aqui no Brasil estavam se intensificando cada vez mais em clientes corporativos (indústrias em geral, restaurantes, shoppings, etc.).

O guia da visita disse que aquele momento que o Brasil estava vivendo aconteceu nos Estados Unidos cerca de 30 anos antes. A questão é: seria um ciclo evolutivo que chegaria no Brasil também? Interessante reflexão. Agora, voltamos ao aplicativo da PCT: encontrei, folheando a revista, uma informação de que o controle de pragas urbanas é um dos serviços mais requisitados por usuários domésticos (veja os percentuais abaixo). A questão que fica é: será que o mercado consumidor de controle de pragas urbanas vai evoluir no Brasil a ponto de o mercado doméstico se tornar importante o suficiente para demandar contratos de prestação de serviço de controle de pragas urbanas? Com certeza precisaríamos continuar com um bom momento econômico para que essa evolução ocorresse. Mas a reflexão está lançada.

Serviços mais populares para usuários domésticos nos Estados Unidos
37% - limpeza de tapetes/carpetes
37% - carpintaria (? a tradução pode não ser exatamente esta)
31% - faxina
29% - manutenção de aquecedores e circuladores de ar
27% - eletricistas
26% - controle de pragas urbanas
24% - encanadores
24% - manutenção de gramados e jardins

Esse poderia ser um cenário possível no Brasil se as pessoas tivessem condições econômicas de contratar um controle de pragas efetivo (longo prazo) e se a cultura do auto-serviço for deixada de lado. A meu ver, uma coisa influencia na outra, pois se o usuário doméstico não estiver tendo 100% sucesso fazendo controle com produtos domésticos e tiver condições financeiras de contratar um especialista, com certeza vai fazê-lo.

Bom, ficam as dicas (3):
1) Aplicativo PCT para Android (talvez exista para iPhone também);
2) Reflexão a respeito da evolução do mercado;
3) Sugestão de termos mais fabricantes promovendo o intercâmbio de práticas de PCOs, seja internamente (no Brasil, talvez, promovendo visitas de empresas gaúchas a empresas paulistas, por exemplo), seja externamente (para outros países). Olho nisso, fabricantes!

A propósito, promovemos aqui no Rio Grande do Sul uma iniciativa que até onde eu me informei, foi inédita no Brasil (duas então, a primeira foi o canal do YouTube com palestras e treinamentos: www.youtube.com/divepra). Essa iniciativa foi de pegar uma empresa bastante conhecida na região e com bastante tempo de mercado e um porte significativo e promover uma visita técnica, onde outras desinsetizadoras foram conhecer sua história, como ela evoluiu e cresceu com o passar do tempo, e também conhecer um pouco da estrutura da empresa.

Houve um grupo de empresários aqui da região que se interessou e compareceu à visita técnica, e inclusive estão querendo montar uma espécie de "círculo da qualidade" em controle de pragas urbanas, para trocar experiências e práticas. Acho que isso tem potencial de ir para frente e eu vejo que muita gente do bem se interessou pelo projeto e demonstrou interesse em participar. Assumi a incumbência de tocar o projeto adiante e ajudar a organizar o grupo.

Tudo em prol de um crescimento sustentável das empresas e de uma evolução contínua e forte do setor.

O Paulo Costa vem fazendo um pouco essa integração de práticas com a Análise Setorial e o Dia Análise Setorial, em que são apresentados cases em que foi possível melhorar a gestão de empresas de controle de pragas urbanas num trabalho com base em indicadores (Paulo, se você permitir vou escrever sobre isso em seguida).

Vamos, lá, qualquer informação que desejarem sobre os assuntos aqui apresentados, estou à disposição.

Um grande abraço a todos e bons negócios!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Caso de raticida em escola de Porto Alegre

Há algumas semanas atrás aconteceu em uma escola de Porto Alegre um caso simplesmente inacreditável.

Depois que algumas pessoas passaram mal ao comer o strogonoff do almoço da escola, entre elas algumas crianças, alguém foi até a cozinha e encontrou alguns pacotes de isca raticida próximos à panela, dois deles vazios e com uma tesoura ao lado, que teria sido usada para abrir os pacotes e supostamente despejar o conteúdo na panela. Também encontraram um granulado rosa misturado à carne na panela.

Algumas pessoas reclamaram que a comida estava extremamente amarga. No final das contas o que aconteceu é que as pessoas foram levadas ao hospital para receberem antídoto para o veneno, e as principais suspeitas, ainda não 100% confirmadas, recaem sobre uma pessoa que trabalhava na escola e já tinha histórico de problemas comportamentais em outras escolas pelas quais passou. Ela teria assumido a autoria do fato e teria dito que não sabia porque tinha feito aquilo.

Discussões criminais à parte, levantadas pelo delegado responsável e pelo advogado da suposta autora do crime, o caso joga luz a algumas conclusões que valem a pena refletirmos. Independente de ter ou não acontecido alguma coisa com as pessoas da escola ou de quem tenha feito essa barbaridade, o certo é que a pessoa é no mínimo desequilibrada e não pode ficar em convívio com outras pessoas, caso contrário pode, durante outro surto, realmente acabar matando alguém.

O que eu acho que vale a pena ser enfatizado é o que sempre falo em meus treinamentos: as iscas raticidas que temos no Brasil possuem um nível de segurança bastante elevado contra a intoxicação de pessoas e até mesmo de outros animais não alvo. Nesse sentido a regulamentação que a ANVISA colocou para os raticidas está de parabéns.

Primeiro, a concentração máxima do ingrediente ativo em iscas deve ser 0,005%. Olhando por exemplo, uma tabela de quantidade de isca a base de brodifacoum - uma das mais potentes - necessárias para matar um rato de 250g, gira em torno de 1,3g. Já uma galinha precisa comer cerca de 2 Kg. Um gato precisaria 1 Kg. Uma ovelha, 25 Kg. Obviamente não se sabe exatamente a quantidade necessária para matar uma pessoa, já que para isso teria que se testar em pessoas. Mas aí dá para ter uma idéia de que a quantidade de isca raticida para matar uma pessoa teria que ser bastante grande.

Logo, a conclusão que se chega é que os 50g (dois sachês de 25g) utilizados na tentativa de intoxicação coletiva na escola de Porto Alegre dificilmente mataria uma pessoa, quanto mais um grupo de pessoas. Aí mais um gol dentro da nossa legislação, que proíbe o uso de raticidas agudos (geralmente líquidos ou o famoso "chumbinho"). Com raticidas agudos realmente a quantidade necessária seria muito pequena. Mas esses tipos de venenos são proibidos hoje no Brasil e, embora infelizmente ainda se encontre com certa facilidade para venda em alguns estabelecimentos, muitas empresas especializadas já não fazem uso deste tipo de produto (primeiro, porque são proibidos, por serem extremamente tóxicos e persistentes e não possuírem antídoto, e segundo, porque matam muito rápido e causam desconfiança dos ratos).

Então, mesmo que as pessoas tivessem ingerido a quantidade necessária para levar à morte, nesse caso em Porto Alegre, as pessoas teriam tempo de sobra para receberem o antídoto, já que o efeito do veneno ocorre alguns dias após a ingestão, diferente dos raticidas agudos (os proibidos que falei antes). A propósito, se alguém quiser saber, o antídoto é vitamina K1 injetável.

Mas a questão da segurança não pára por aí. Já há alguns anos no Brasil, qualquer tipo de isca que contenha veneno precisa ter um composto chamado benzoato de denatonium. Esse composto é um amargante. Ele possui um gosto tão amargo ao paladar humano que a pessoa dificilmente consegue ingerir a isca. Algumas pessoas que prestaram mais atenção às notícias, devem ter visto que algumas pessoas relataram que a comida estava bastante amarga. Era o benzoato de denatonium fazendo o seu papel na proteção das pessoas.

Assim, a pessoa que fez o ato criminoso, nunca conseguiria atingir seu objetivo com o tipo de veneno que utilizou, independente da marca. É claro que ninguém gostaria que isso tivesse acontecido, foi um fato lamentável. Mas eu, particularmente, obtive um exemplo de domínio público das coisas que sempre digo nos treinamentos e que agora tem mais força e exemplos para mostrar: as nossas iscas raticidas foram desenvolvidas para matar ratos. Definitivamente não servem para matar pessoas.

Para fechar, sempre que falo em raticidas, costumo dizer que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose. E tem um exemplo nos raticidas que mostra bem isso. Tem um ingrediente ativo que não tenho mais visto muito no mercado, que se chama warfarina. Eu me lembro que há alguns anos atrás ainda tinha alguns produtos à base desse ativo, mas ultimamente não tenho visto mais.

Pois a mesma warfarina que é utilizada em veneno para ratos e morcegos hematófagos, também é utilizada como medicamento por pessoas que possuem marcapasso ou outros equipamentos que regulem a circulação sangüinea. A warfarina, assim como o brodifacoum, o bromadiolone, flocumafen, cumatetralil e outros, atua como anticoagulante. Ou seja, ele impede a coagulação do sangue. Isso é importante para não causar a obstrução do marcapasso por coágulos sangüíneos.

Mas obviamente, não queremos evitar tanto a coagulação do sangue a ponto de matar a pessoa, então a dose deve ser bem reduzida. Eventualmente, se o paciente tomar uma superdosagem de warfarina, pode ter o mesmo destino que um rato que ingeriu nossas iscas raticidas, porque numa dose muito alta este pode chegar na dose letal. Por isso, sempre digo: a diferença entre o remédio e o veneno é a dose.

Finalizo o post enviando um grande abraço ao Giovani da BioConser, do Rio de Janeiro, que tem nos acompanhado e nos deu um feedback há alguns dias atrás.

Um grande abraço também a todas as outras pessoas que nos acompanham.

Bons negócios a todos e até o próximo post!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Questões ambientais [de novo] na pauta - desativação de inseticida

Prezados(as) amigos(as),

Em primeiro lugar gostaria de agradecer a vocês que vêm acompanhando o blog. Espero que estejam gostando das discussões. Eu fico muito contente quando alguém me dá um feedback sobre os escritos, e me surpreendi no post anterior quando recebi, no dia seguinte à publicação, um telefonema do ilustríssimo Vanderlei Menin, de Camaquã/RS, me parabenizando pelo post e comentando sobre as coisas que eu havia escrito. Vanderlei e demais leitores, é nessas horas que a gente se sente orgulhoso pelo trabalho que vem desempenhando. Obrigado a todos! E recomendo que leiam o post anterior, se ainda não o fizeram.

Começo o post, depois deste agradecimento, dizendo que no ano passado o blog foi integrado a um projeto maior, dentro do PortalPCO, mas infelizmente o pessoal do desenvolvimento não conseguiu entregar o que era necessário para o projeto do portal funcionar como deveria. A partir de agora então, o blog volta a ser publicado neste endereço e deverá continuar assim. O PortalPCO estará sendo reconstruído e começará a contar com funcionalidades de forma gradual, devendo o blog Xô, Praga! permanecer como um parceiro do PortalPCO, mas de forma independente.

Aos amigos e leitores que apreciam o conteúdo deste blog e que acham as discussões úteis/relevantes, pedimos que avaliem a possibilidade de contribuir com a continuidade do projeto do blog, que tem por objetivo trazer novidades e discussões relevantes aos profissionais do setor de Controle de Pragas Urbanas, de alguma forma tentando fomentar o desenvolvimento do mesmo. Para isso, basta preencher o seu e-mail aqui ao lado direito da página e a contribuição se dá de forma online, sendo encaminhado ao PagSeguro, que é encarregado de fazer os pagamentos de centenas de lojas online com segurança. Agradecemos toda ajuda que seja possível. Caso não deseje fazer qualquer doação mas queira cadastrar seu e-mail para receber avisos de atualização do blog, faça o mesmo procedimento para doação, porém deixando o campo "valor" em branco, seu cadastro será processado, sem ser solicitado o pagamento.

Agora, após esses esclarecimentos, vamos ao tema central deste post. Estive na FEPAM (órgão ambiental aqui no RS) conversando sobre um projeto que estávamos tentando viabilizar para facilitar a questão do licenciamento ambiental aqui no estado, que está bastante difícil de ser obtido. Semelhante à confusão que geraria a RDC 52 com a questão da restrição de localização das empresas, aqui no estado exige-se que os depósitos das desinsetizadoras estejam a no mínimo 15 metros de residências ou outros estabelecimentos. Segundo informações que sempre obtive das empresas daqui, esperava que o pessoal da fiscalização, com quem conversei, fossem pessoas que queriam apenas dificultar a viabilização de empreendimentos. Pelo contrário, eles se interessaram bastante pelo projeto e fizeram alguns esforços no sentido de viabilizá-lo.

Infelizmente, algumas exigências feitas inviabilizaram economicamente o projeto. Mas enfim, uma das coisas que conversamos foi sobre a questão das embalagens e a água da tríplice lavagem ou sobra de calda (ao final vou dar algumas informações de como está essa situação das embalagens de domissanitários). Questionei a eles qual a orientação deles a respeito dessas sobras, se seria melhor a desativação ou a reutilização como base para calda.

Eu particularmente sempre recomendo aos meus clientes que façam a reutilização, mas como uma vez assisti a uma palestra em que era explicada a desativação, achei melhor perguntar para saber qual a opinião deles. Como eu imaginei, eles condenaram a desativação, até mesmo porque seria difícil saber se o inseticida foi mesmo desativado. Comecei a pesquisar sobre o tema da desativação e descobri com muita surpresa que o processo foi sugerido em 1989 por profissionais da área, e o inseticida seria desativado através de hidrólise (água), fotólise (luz do sol) e pela exposição ao meio alcalino (soda cáustica). Até aí tudo [quase] bem.

Ocorre que este processo de desativação foi proposto sem a realização de testes laboratoriais que comprovassem a sua eficácia. O que mais me impressiona é que mesmo assim, ACHANDO que talvez pudesse ser um método eficiente de desativação do inseticida, o processo foi incluído e publicado em um manual de controle de insetos urbanos, amplamente distribuído, e depois disso alguns profissionais referência começaram a divulgá-lo como sendo um método eficaz (como o caso que citei, que ouvi este método em uma palestra).

Ocorre que o próprio autor da proposta reconhece que não foram feitos os testes comprovando que o sistema funcionava e atingia os objetivos, mas as pessoas estão por aí divulgando como se funcionasse. E o que me preocupa mais ainda, ele diz que diversas desinsetizadoras e órgãos públicos utilizam esse sistema de desativação de inseticida. Isso só comprova a idéia que tanto tentamos reverter, de que tem muita gente despreparada atuando (lamentavelmente tem, mesmo).

Infelizmente essas coisas são assim. Mas vamos mudar isso. E o primeiro passo que podemos dar é divulgar que esse método [pelo menos ainda] não é comprovado. Pode até ser que funcione. Mas na verdade não se sabe. Sabe-se lá se não acaba sendo pior, depois dessa misturança toda... Quem sabe um dia possamos esclarecer isso, mas por enquanto, vamos passar adiante que esse método não é recomendável, até termos certeza. E para quem utiliza esse sistema, vamos à reutilização da água como calda!

Conforme eu prometi, eu iria fazer comentários sobre a questão da devolução das embalagens. Há um projeto que está sendo liderado pela ABAS (Associação Brasileira de Aerossóis e Saneantes), junto com 14 fabricantes (Basf, Bayer, Bequisa, Clarke, Dexter Latina, De Sangosse, Fersol, FMC, IharaBras, Pika Pau, Rogama, Server Química, Sumitomo e Syngenta). Neste projeto a ABAS está contratando o InPEV para operacionalizar o sistema de destinação de embalagens de nosso setor. Numa fase inicial, chamado de piloto, será iniciado nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, com um estudo do dimensionamento do sistema necessário para atender à demanda, e proverá as informações que faltam para se discutir a ampliação do projeto a nível nacional. A previsão da duração do piloto é de seis meses. Para a implementação do piloto, está prevista a realização de workshops nestas 3 cidades. Vale lembrar que o prazo dado pela ANVISA na RDC 52 esgotou em junho (eram 18 meses desde a publicação da RDC). É bom saber que começam a surgir as primeiras ações de cunho prático para as desinsetizadoras. Vale também ressaltar que o período desde a publicação da RDC 52 até agora não foi de inércia, desde lá estão sendo realizadas diversas reuniões com os envolvidos (ABAS, fabricantes, InPEV, entre outros).

Finalizando, gostaria de lembrá-los de ajudar a manter o blog no ar... Toda ajuda é bem-vinda! E também, para darem uma olhada em uma iniciativa de um distribuidor aqui do sul, realmente uma coisa inédita no nosso mercado nacional: as palestras realizadas passaram a ser gravadas e posteriormente disponibilizadas no YouTube, podendo ser utilizadas para treinamentos nas empresas: http://www.youtube.com/divepra.

Mando um grande abraço ao Vanderlei Menin, que me deu um feedback sobre o post anterior, e também para o colega Sérgio Ormondes (MT), que assim como eu está investindo na carreira de consultor para empresas e profissionais da área de Controle de Pragas Urbanas, fazendo treinamentos, orientações e provendo soluções de gestão e infra-estrutura que ajudem o desenvolvimento do setor. Muito sucesso a nós, Sergião! E aos leitores, contem conosco, sempre!

Aqui está um link para a descrição do método de desativação proposto (não custa lembrar: não comprovado).

Um abraço a todos bons negócios!

quinta-feira, 31 de março de 2011

Reflexões acerca da garantia dos serviços

Navegando pela internet, fazendo uma rápida pesquisa antes de começar a escrever estas palavras, para ver o que mais se comenta a respeito do tema, descobri que na verdade não há discussões sob a ótica que o assunto será tratado aqui. Talvez pela situação estar recém se desenhando em função de algumas situações bastante recentes, e as tarefas do cotidiano ainda não permitiram aos empresários e técnicos um tempo para a reflexão sobre o assunto.

Quase mudei novamente o tema, quando me deparei com um post falando sobre a questão da desativação da calda inseticida, ainda mais que esta semana estive reunido com o pessoal do Meio Ambiente aqui e também tivemos um caso recente de um empresário aqui que foi preso por causa da lavagem das embalagens, que estava sendo feita de forma errada. Mas não, prometi falar sobre garantia e vou falar sobre isso. A questão ambiental é importante também mas vai ficar para a próxima.

Então: Garantia… Andei vendo algumas discussões que eu achei relativamente interessantes sobre o conceito garantia X assistência técnica, mas não achei que isso mudou muito meu ponto de vista sobre o tema. Na verdade, estou vendo algumas coisas acontecerem, e que podem mudar o jeito que se presta assistência técnica (ou garantia) nos serviços de controle de pragas urbanas.

Isso que eu estou dizendo está baseado em algumas situações e aí surge uma hipótese que pode se confirmar ou não. Se repararmos bem, a RDC 52 diz que no comprovante de serviço deve constar o “prazo de assistência técnica, escrito por extenso, dos serviços por praga(s) alvo” (RDC 52, Art. 20, V).

Ao ler e reler a RDC 52 nunca tinha me passado pela cabeça essa hipótese, até porque existiam outras questões bem mais importantes na época, mas durante uma palestra que eu estava proferindo sobre essa regulamentação, me dei conta de que em tese, ela passa a permitir claramente que uma empresa possa dar garantias diferentes para pragas distintas em um mesmo serviço.

Por exemplo: Formiga – 30 dias; Baratas – 90 dias; Moscas – 45 dias; Pulgas – 15 dias (observem que se fosse no comprovante de serviço deveria vir a data de validade de assistência técnica para cada uma das pragas, por extenso, não quantos dias de garantia).

Discuti isso em uma reunião com uma prestadora de serviços de controle de pragas urbanas tradicional aqui no estado e um profissional técnico da área, fabricante de produtos domissanitários, que acompanhou de perto a discussão dos itens da RDC.  O nosso amigo fabricante disse que a intenção era que as PCOs (empresas de controle de pragas urbanas) se comprometessem por escrito a prestar a garantia, e que não acreditava que as empresas fossem colocar suas garantias abertas por tipo de praga, até mesmo porque há uma espécie de movimento regulatório involuntário chamado concorrência, e se uma empresa diminuísse sua garantia, estaria em desvantagem competitiva em relação a outras e seria obrigada pelo mercado a recuar.

Na verdade a questão que eu estava levantando não tem a ver especificamente com as empresas diminuírem os prazos, e naquela ocasião deixamos isso bem claro. Exemplifiquei que um cliente solicitando um serviço por estar com problemas de pulgas, teria em seu comprovante de serviço especificado uma garantia contra pulgas, que afinal de contas, era o seu problema. Imaginando essa situação, digamos que talvez duas semanas depois da aplicação surgiu uma infestação de baratas no local, e digamos também que elas não tenham sofrido ação do inseticida. O cliente poderia talvez ligar para reclamar, mas o comprovante de serviço diz que a assistência técnica é contra pulgas, teoricamente a empresa não seria obrigada a refazer a aplicação. Onde isso vai acabar?

A prestadora me argumentou que eles não descrevem desta forma, mas sim de uma forma geral (ex.: “insetos rasteiros”, “insetos alados”, etc.), e sendo assim essa situação dificilmente ocorreria. O fabricante argumentou que a concorrência não deixaria que as empresas especificassem pragas como o exemplificado no caso da pulga, pois se a empresa A dá uma garantia apenas contra pulgas e a empresa B dá garantia contra todos os tipos de insetos rasteiros, teoricamente os consumidores tenderiam a optar pelos serviços da empresa B, talvez mesmo que seus preços sejam maiores, mas estariam mais “protegidos”.

Ok. O argumento dos dois juntos é bom. Mas vamos analisar a questão sob um outro aspecto, e aí é que entra a segunda situação que me fez refletir sobre o tema novamente e insistir que desse mato algum dia vai sair um coelho. Não é de hoje que os produtos tem doses diferentes para diferentes tipos de pragas. Mas geralmente, os produtos mais tradicionais usam indicações de dosagem do tipo: “insetos rasteiros: 50ml”; “aranhas e escorpiões: 100ml”; “percevejos: 250ml” (essas doses todas eu inventei agora, somente para ilustrar a questão das pragas). Com produtos assim, não faz diferença mesmo que as empresas dêem uma garantia unificada para determinados grupos de insetos, pois a dose é a mesma. Isso mesmo: chegamos na discussão econômica. Se a empresa vai gastar a mesma coisa em termos de produto e sabe que ele é eficiente para as pragas daquele tipo, genericamente falando, não teria por que abrir por praga, mas sim, colocar uma garantia genérica.

Entretanto, temos visto desde a Expoprag já de 2008, ainda muito timidamente, e agora na de 2010, com mais força, uma geração nova de produtos. Talvez por política do fabricante ou por estarem visualizando um apelo econômico no mercado consumidor, vemos produtos que surgem com doses específicas para cada tipo de praga. Enquanto no modelo anterior, talvez um fabricante de produtos que prefere generalizar a dose, teria que transformar “insetos rasteiros: 50ml” em “formigas: 50ml; baratas: 50ml; pulgas: 50ml; …”, alguns novos produtos começaram a diferenciar as doses.

Utilizando um caso concreto, um determinado produto, esse que foi lançado na Expoprag de 2008, apenas para exemplificar, possui uma dose de 17ml para pulgas e formigas; 33ml para mosquitos; 50ml para baratas, moscas e carrapatos; 170ml para barbeiros. Eu fiquei impressionado com a dose para pulgas, p0rque o cálculo de custo/dose ficou interessante. Mostrei a um técnico de uma empresa para ver o que ele achava, e ele me disse que para ele não faria diferença, pois como ele faz o serviço contra “insetos rasteiros” e dá garantia para isso, teria que unificar a dose em 50ml.

“Mas que raios”, pensei naquele dia. “Porque diabos então os caras diferenciam a dose se o mercado tem a prática de dar garantia genérica e assim a dose fica na mais elevada?”. Mas juntando todas as peças agora, podemos mudar a pergunta. E a pergunta então passaria a ser: será que o mercado não estaria agindo desta forma porque o senso comum moldou a situação desta forma e não havia elementos que mudassem isso?

Voltando ao caso da empresa que unificaria a dose desse produto em 50ml. Porque unificaria em 50ml se o cliente está desesperado por causa das pulgas, por exemplo, e a única coisa que interessa a ele é se livrar das ditas-cujas? Ele gastaria menos de 1/3 do produto se direcionasse para pulgas do que se considerasse genericamente como insetos rasteiros. E talvez o cliente ficasse extremamente satifeito por ele ter acabado com o problema, e a empresa teria feito isso a um custo relativamente menor.

Claro, não podemos esquecer que dentro dos custos dos serviços, o inseticida representa algo entre 5% e 10%, então provavelmente não se sentiria muita diferença fazendo isso apenas em um serviço ou mesmo durante um mês. Mas talvez fazendo isso durante um ano tenha um resultado significativo. E talvez também o próprio cliente possa optar, dizendo “não, eu tenho um problema sério da praga X e quero que me resolvam este problema e me dêem garantia para isso”, e talvez até, em um nível de complexidade maior ainda, tenhamos tabelas diferentes para diferentes tipos de pragas, se isso algum dia for importante. Pelo custo que representa o produto hoje eu creio que não, mas quem sabe…

Então, resumindo… Se hoje temos produtos que podem representar uma determinada economia para determinados tipos de pragas, e a RDC 52 permite que as empresas especifiquem o prazo de garantia por praga-alvo, eu tenho fortes razões para acreditar que dentro de pouco tempo as PCOs (empresas de controle de pragas urbanas) estarão especificando suas garantias por praga-alvo, e não genericamente, como é prática corrente hoje.

Se isso começar a ocorrer, então teremos uma tendência mais forte ainda a termos produtos com doses diferentes para pragas distintas, e então mais e mais PCOs começarão a abrir suas garantias por praga-alvo e teremos um enlace reforçador.

Pode ser que nada disso aconteça. Mas como eu disse antes, olhando os elementos se movimentando, creio que nesse mato tem coelho, isso vai acontecer em um ou dois pares de anos. Fica a reflexão.

O tempo dirá.

Bom, mais uma vez agradeço por terem investido seu precioso tempo lendo meus devaneios e filosofias. Às pessoas citadas no post, se acabarem se reconhecendo, peço desculpas por não tê-las identificado, mas como não sei se poderia fazê-lo, acabei não o fazendo. O mesmo em relação aos produtos.
Reforçando, daqui a alguns dias teremos uma discussão ambiental por aqui.

Mais uma vez obrigado, e bons negócios!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Desinsetizadoras X Crime Ambiental

Novamente um tema tomou a frente da discussão que eu queria abrir sobre a assistência técnica nos serviços de controle de pragas urbanas.

Ocorre que essa semana aqui no Rio Grande do Sul houve uma situação bastante inusitada: um proprietário de uma empresa de controle de pragas urbanas foi preso pela FEPAM (órgão ambiental) e eu queria aproveitar para levantar uma outra discussão que eu achava até que não era mais necessária, já que esse assunto já é tratado há pelo menos uma década por fabricantes, distribuidores e empresas e profissionais prestadores de serviço.

Para quem não acompanhou, segue ao final alguns links das notícias veiculadas. Resumidamente, ocorreu uma mortandade elevada de peixes em um arroio nos arredores do município de Igrejinha, no interior do Rio Grande do Sul. Após investigar estabelecimentos nas imediações, descobriram a empresa de controle de pragas urbanas, que lavava as embalagens vazias e a água da lavagem era descartada no ralo, que no decorrer do seu trajeto acabava desaguando no arroio. O proprietário da empresa admitiu a prática e disse que sempre foi feito desta forma. As matérias divulgadas ainda davam conta de que a empresa não possuía alvará sanitário.

Eu particularmente conheço um pouco esse empresário e posso dizer que é uma empresa que já está há bastante tempo no mercado, o proprietário está freqüentemente participando de feiras e congressos. Aparentemente há algumas coisas que não estão muito claras nessa situação, já que a empresa possuía licença ambiental, e para obter esta, é necessário ter também o alvará sanitário. Há uma série de especulações entre os profissionais do setor, mas não me cabe aqui ficar falando sobre coisas das quais não tenho informações confiáveis. Acho que nas próximas semanas ainda teremos esclarecimentos sobre o caso. No começo eu até havia pensado que alguém poderia ter armado essa situação, mas houve a confissão do empresário.

Algumas coisas impressionaram bastante no caso divulgado pela imprensa. O primeiro deles foi o empresário ter admitido que a lavagem fosse feita dessa forma como sendo uma prática normal. Como eu disse, o empresário está sempre participando de congressos nacionais e internacionais, e não começou ontem no a trabalhar com controle de pragas urbanas. Depois de tantos anos de discussão, é de admirar que não houvesse cuidado adequado com a lavagem.

Em tempo, para aqueles que têm dúvidas de como devem proceder com a lavagem, o mais recomendável é que seja feita a tríplice lavagem (lavar e despejar a água da lavagem 3 vezes) e a água resultante não deve ser lançada no esgoto comum, mas sim desativada conforme indicação do fabricante ou utilizada como água para novas aplicações, considerando-se que ali não há qualquer tipo de inseticida quando for feita a dosagem.

Quanto às embalagens vazias, as mesmas devem ser destinadas para reciclagem após a tríplice lavagem, processo que ainda não está bem regularizado no país. Está sendo estudado que essa destinação seja feita para a rede de recebimento e reciclagem das embalagens vazias do InPEV, a mesma rede que faz atualmente a reciclagem das embalagens de agrotóxicos.

Voltando ao tema desse post, também impressiona que o empresário tenha sido recolhido a um presídio, justamente como prevê a legislação no caso de crimes ambientais. Isso porque, ainda que seja um absurdo que a água contaminada tenha sido destinada ao arroio, é triste ver uma pessoa que errou, mas que sabe-se não ser um criminoso (bandido, assassino) ser preso desta forma.

Na vida nós temos que aprender com nossos erros e com os erros dos outros. Nesse caso, podemos abrir um alerta também para os empresários que sempre se preocuparam com essa questão dos resíduos. Eu já vi casos de funcionários do setor alimentício que fizeram coisas impublicáveis com alimentos com a finalidade de prejudicar a empresa, por estarem insatisfeitos com alguma coisa. Por que então um funcionário de uma desinsetizadora insatisfeito não poderia despejar resíduos de inseticida em um local que poderia causar a morte de peixes ou outros animais? Mesmo que seja comprovada a culpa do funcionário, em princípio a responsabilidade é do empresário.

Como não há como saber o que as pessoas são capazes de fazer, sugiro que os empresários procurem se certificar de que esse processo de lavagem e descarte das embalagens e outros processos críticos do ponto de vista ambiental não tenham margem para erros.

Finalmente, é lamentável que este fato todo tenha ocorrido, tanto do ponto de vista ambiental, ocasionando a morte de milhares de peixes, quanto do ponto de vista da credibilidade das empresas de controle de pragas urbanas. Espero que após esse episódio os empresários e profissionais do setor tenham atenção redobrada com essa questão, pois corremos o risco de que a fiscalização em cima das empresas de controle de pragas urbanas acabe ficando mais rígida. Temos que lutar justamente para que a sociedade e os órgãos fiscalizadores acreditem que fazemos uso responsável dos produtos tóxicos com os quais lidamos, bem diferente do que aconteceu em Igrejinha.

Aproveito para fazer um gancho com uma matéria divulgada em um jornal aqui do sul, que trata a respeito do “relaxamento” que os órgãos ambientais estão tendo ao liberar algumas licenças. Isso até pode estar acontecendo em alguns casos, mas quando se trata de controle de pragas, a situação das empresas que querem se legalizar aqui no estado e obter uma licença ambiental é bem difícil.

A matéria defende um maior rigor nos estudos para licenciamento ambiental e que os prazos para concessão das licenças não sejam encurtados para atender questões econômicas. Entendo que o interesse ambiental deve prevalecer a muitas coisas, mas o que ocorre aqui no estado não é que estudos e licenças em geral estejam sendo mal feitas (em alguns casos até sabemos que são, mas geralmente não). Mas são extremamente lentas (a matéria fala em média um ano para se obter uma licença), não porque os estudos sejam demorados, mas porque o excesso de trâmites burocráticos e processos inadequados, e talvez até um número menor de servidores do que seria necessário acabam fazendo com que seja assim tão demorado e improdutivo. Algumas exigências ambientais absurdas já foram citadas aqui em posts anteriores (ver link ao final) e mesmo a RDC 20 tendo remediado o problema causado pela RDC 52 em termos de localização das empresas, aqui no Rio Grande do Sul essa situação da localização ainda está difícil.

Tendo em vista todas essas questões, ainda é de se admirar também que empresas de controle de pragas que lavem suas embalagens e larguem a água de volta no ralo tenham sua licença ambiental, como foi o caso citado acima, enquanto outras bastante preocupadas com essas e outras questões não conseguem obter a licença por não ter a distância mínima de seus vizinhos.

Link para as matérias a respeito do ocorrido em Igrejinha:

http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=116&Numero=161&Caderno=0&Noticia=266425
http://www.radioguaiba.com.br/Noticias/?Noticia=266561
http://www.camera2.com.br/noticia_ler.php?id=265357
http://www.diariodecanoas.com.br/site/noticias/meioambiente,canal-107,ed-4,ct-602,cd-309473.htm
Links para outras discussões ambientais:

http://www.portalpco.com.br/xopraga/2009/09/revolucao-silenciosa/

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Neonicotinóide = IGR (juvenóide) ???

Prezados(as),

Estive lendo algumas discussões feitas pelo nosso ilustríssimo colega Constâncio em seu blog acerca do prazo de garantia dos serviços de controle de pragas urbanas. No apagar das luzes de fevereiro resolvi reservar uns minutos para escrever sobre o assunto.

Mas acabei neste momento de mudar a intenção sobre o que eu iria escrever, porque agora mesmo estive olhando os textos do colega para procurar os links e colocar neste post, e encontrei algumas coisas interessantes, como a retomada da controvérsia do uso de feijões crus como raticidas, que creio que há alguns anos atrás tenha já sido muito bem desmitificado pelo próprio Constâncio, a quem admiro pelo conhecimento que tem e volta e meia estou lá lendo o que ele escreve. Na ocasião, a história desmascarada dos feijões foi espalhada na web por uma profissional da área que também é bastante respeitada e conhecida dentro do setor. Eu mesmo já comentei também dois posts sobre os feijões.

Pois desta vez acabei “tropeçando” sem querer num deslize do colega a quem admiro. Sei que ninguém está livre de cometer enganos – e espero que eu não cometa nenhum tão cedo – , mas acho importante que haja também um espaço para esclarecimentos, assim como foi feito na ocasião dos ratos e feijões.

Um post chamado “Extra! Extra! Lançados mais dois produtos desinfestantes no mercado brasileiro” (link ao final) fala sobre o lançamento de dois produtos “recém” lançados no Brasil para controle de pragas urbanas – as aspas no recém se devem ao fato de que um deles já foi lançado na Expoprag no ano passado, e o outro, embora não estivesse sendo produzido ainda, também teve um pré-lançamento na feira (ver ao final link para post sobre Expoprag).

Embora eu não tenha tido a oportunidade de experimentar os dois e poder tecer comentários, diferentemente do Constâncio, já tive o privilégio de testar um deles em primeira mão – o Tenopa, da Basf – na minha própria casa e posso dizer que o resultado foi muito bom.

Mas o esclarecimento que eu gostaria de fazer é outro: o colega cita que ambos associam um piretróide a um regulador de crescimento (IDI). Essa afirmação é correta para o produto que eu testei, mas é incorreta para o outro (Temprid, da Bayer), simplesmente porque o Imidacloprid, do grupo dos neonicotinóides, não é um regulador de crescimento, e sim um adulticida, assim como os piretróides, só que de outro grupo químico.

Sei disso porque conheço razoavelmente bem outra molécula do mesmo grupo, o Thiametoxam, e o modo de ação de ambos é muito semelhante. Talvez o engano tenha ficado por conta de que algumas indicações no registro de alguns produtos deste grupo químico existentes no mercado tenham indicação para formas adultas e também larvas de certos insetos. Mas isso não quer dizer obrigatoriamente que o produto seja um juvenóide (ou IGR, ou regulador de crescimento), afinal, piretróides também eliminam formas jovens de insetos em determinadas fases (ex.: larvas ou ninfas) e nem por isso são considerados reguladores de crescimento.

Espero não causar chateações com este post, visto que continuo admirando as pessoas que sempre admirei e que de alguma forma me trouxeram mais conhecimento sobre esse tema fascinante de Controle de Pragas Urbanas. Sigo admirando o Constâncio, da mesma forma que admiro outros professores nessa área, tais como Ricardo Matias, Levi Garcia e também o meu pai, que foi quem me deu os primeiros passos na vida e no Controle de Pragas Urbanas. Todos são meus professores, a ao contrário do que o senso comum esperaria, quanto mais aprendo, mais professores conheço. E assim vamos evoluindo. Desculpem por não ter falado sobre garantia dos serviços, que era o tema original, mas isso fica agora para março. Creio que será uma discussão bem interessante e que devemos refletir sobre como (ou se) isso irá impactar em nossas empresas.

Seguem abaixo os links prometidos:

Links sobre feijões:

Não acredite em tudo o que ouvir (feijões mágicos)
Novamente sobre feijões
Links sobre Expoprag 2010:
Expoprag 2010 - comentários gerais
Link para o post do Constâncio:
Extra! Extra! Lançados mais dois produtos desinfestantes no mercado brasileiro!
Sendo assim, despeço-me já bolando os escritos para o mês de março…

Um grande abraço a todos e bons negócios!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Xô, Praga! retornando à ativa

Prezados(as) leitores(as),

Em primeiro lugar, sou obrigado a pedir desculpas pela inatividade do blog e do portal no último trimestre de 2010. Foi um período pós-Expoprag, no qual focamos em viabilizar as principais funcionalidades do PortalPCO para que ele pudesse entrar em 2011 mais completo.

Há muito o que se fazer ainda, o que existe hoje é apenas uma pequena parte do projeto existente. Mas estamos trabalhando para que, até o final de 2011 boa parte deste projeto esteja implementado.

Tanto as notícias do PortalPCO quanto os posts dos blogs serão atualizados com freqüência.

Para retomar então as atividades, gostaria de comunicar a iniciativa da Prefeitura de Curitiba (PR), que está lançando uma consulta pública para que a população e profissionais interessados no tema de controle de pragas urbanas possam sugerir para fazer parte da regulamentação municipal de controle de pragas urbanas do município.

O comunicado da consulta pública foi enviado pelo nosso colega Denílson Lehn, que muitos de vocês conhecem e que está atuando hoje no estado do Paraná. A consulta está aberta para sugestões por 60 dias, desde 21/12/2010, portanto há ainda cerca de um mês para inserir sugestões.

Recomendo principalmente às PCOs (desinsetizadoras) que atuam no estado do Paraná que leiam, tomem conhecimento e participem dando sugestões. E também que PCOs de outros estados pensem em aproveitar os pontos positivos da regulamentação para sugerir que seus estados ou municípios também regulamentem a atividade em favor da profissionalização do setor, lembrando que hoje existe uma regulamentação nacional que é a RDC 52 da ANVISA.

Clique aqui para ver o conteúdo da consulta pública.

Para finalizar, o Projeto SEBRAE da FEPRAG está finalmente saindo do papel, e nos próximos meses as empresas de controle de pragas urbanas poderão se beneficiar das iniciativas do projeto para buscar uma profissionalização maior de suas organizações, com consultorias, provavelmente cursos e outros. Os estados que irão iniciar o projeto são São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, por estarem com o movimento associativista mais desenvolvido (é outro exemplo de que o associativismo traz benefícios, vamos nos organizar!). Posteriormente o projeto deve ser ampliado para outros estados. A configuração de quais estados iniciariam o projeto foi definida em reunião da FEPRAG. Para maiores informações sobre o projeto e como participar, as empresas devem procurar as associações das quais fazem parte.

Por hoje é só, pessoal, nos próximos dias estarei trazendo outras discussões. Continuem acompanhando o blog! Um grande abraço e bons negócios!