quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Lidando com a variabilidade no controle de pragas

O mundo em que vivemos é essencialmente probabilístico. Não se sabe com certeza, por exemplo, apesar das previsões (que muitas vezes estão erradas), como será o tempo amanhã. Fará chuva? Fará sol? As previsões até acertam um pouco em curtos espaços de tempo, mas à medida em que o horizonte de tempo aumenta, aumenta também as chances de erros.

Outros exemplos... Quando você faz uma refeição utilizando uma receita para 4 pessoas, às vezes sobra um monte de comida, outras vezes dá bem certinho. Porque isso? Simplesmente porque essa quantidade não é determinística (cada pessoa come 300g de comida), mas sim probabilística (em média, as pessoas comem aproximadamente 300g de comida - se algumas pessoas costumam comer bem mais, essa média pode subir).

Algo que é fabricado também tem a sua variabilidade, e esta é uma das principais lutas em muitos meios de produção: estabelecer um padrão para os produtos. Por exemplo, uma fábrica de veículos produz 150 automóveis por semana. Apesar de o veículo ser bastante padronizado, há uma razoável variabilidade, pois alguns dos veículos podem apresentar problemas no motor, outros não. Um padaria, por mais que tente, não consegue produzir pães milimetricamente do mesmo tamanho e peso. Há uma variabilidade, portanto são eventos probabilísticos.

Eu li um artigo na internet que fala que o controlador de pragas está numa situação muito delicada. Ele lida com insetos (agentes biológicos, com comportamentos probabilísticos), utilizando inseticidas (os quais não tem controle sobre a produção, que como tudo o que foi falado, possui uma variabilidade inerente), em ambientes sobre os quais não controla as condições (clima, higiene, condições de habitação pelas pragas, etc.).

Ora, a variabilidade existe no mundo, e isso não podemos mudar - até certo ponto. Podemos sim, tentar manter esta variabilidade dentro de padrões aceitáveis. E isso não é uma escolha, é uma necessidade. Quer ver? Imagine que você vai comprar um carro e o vendedor muito honestamente, diz que aquele tipo de veículo apresenta problemas nos freios em 2% dos casos, e não há como diagnosticar, o problema simplesmente acontece de uma hora para outra. Você vai comprar aquele veículo, apesar de o percentual de problemas ser relativamente baixo? Outro exemplo: seu cliente quer que você faça um serviço de desinsetização e você diz que nem sempre funciona, às vezes tem que refazer. Você acha que ele vai fazer o serviço? Mesmo que você faça um repasse para resolver o problema, o cliente pode (ou não, olha a variabilidade de novo) não gostar disso e riscar o seu telefone da agenda dele.

Portanto, para um controlador de pragas ser bom mesmo, deve minimizar os riscos probabilísticos inerentes à atividade. Vamos por partes.

A variabilidade sobre o comportamento dos insetos: Você deve conhecer ao máximo os hábitos e biologia dos insetos com que está lidando, para ter uma maior chance de êxito no controle. Isso não vai garantir nunca que você estabeleça um método que possa ser utilizado em 100% dos casos, mas vai ser bem próximo disso. Eventualmente podem aparecer pontos fora da curva, insetos que estão se comportando de forma ligeiramente diferente e isso está dificultando o controle, mas serão casos mais isolados, em menor número, e você pode lidar com eles de forma mais específica. Mas o importante é abranger o maior número possível.

A variabilidade sobre o inseticida utilizado: Não adianta, alguma variabilidade no processo produtivo sempre vai existir. Em alguns casos mais, outros, menos. Por isso, neste item é fundamental que você tenha uma atenção especial. Escolha produtos de empresas que garantam a qualidade do produto, que lhe passem confiança de que o produto realmente funciona. Isso é muito importante. Até agora falamos de inseticida, mas o mesmo vale para o raticida. A qualidade do produto é um item muito importante no controle.

A variabilidade do ambiente: Algumas coisas podem ser mais controladas, outras, menos. Por exemplo, um serviço de controle de insetos em áreas externas está mais propenso a sofrer ação do tempo (chuvas, vento, sol) do que em áreas internas. Mas você pode, em parceria com seu cliente, indicar ações que possam potencializar o controle que você está realizando, tais como tapar bueiros, colocar tampas em latas de lixo, etc., coisas que com certeza você sabe melhor do que eu, e que acabam propiciando as condições de existência de pragas no local.

Bem, pessoal, esta semana é isto. A questão da variabilidade está presente em praticamente tudo, e temos que buscar um controle sobre as principais variáveis que influenciem no comportamento probabilístico do controle de ser efetivo, para nos tornarmos melhores.

Em meios de produção se usam ferramentas estatísticas que auxiliam neste processo. No caso de serviço de controle de pragas, não é necessário apelar para isto, mas sim atentar para os principais fatores que afetem negativamente ou positivamente o controle.

Um grande abraço a todos!

Nenhum comentário: